terça-feira, 22 de janeiro de 2013

 
 
 
 
 NO FIM DA TELENOVELA "GABRIELA" : MUNDINHO FALCÃO/ANTONIO JOSÈ SEGURO..

Vi, com 20/21 anos, a novela “Gabriela”, na sua primeira versão.

Aos quase 56 anos, vi a versão atual. 36 anos mudam, claramente, o nosso modo de ver. Não que a sensual Sónia Braga fique atrás da Juliana Paes. Teria dificuldade em me posicionar sobre a beleza de qualquer delas. Não é disso que quero falar. Quero falar de um personagem , Mundinho Falcão, que, nas cenas finais, me marcou, em ambas as versões. Só que nesta última, talvez porque estou mais consciente, chocou-me, porque antevi, quase, a postura de alguém que até é do meu Partido.

Mundinho Falcão, um democrata,, em Ilhéus, gasta a sua vida e fortuna a afrontar e combater os Coronéis do cacau, políticos títeres e tiranos. Escapa, mesmo, a tentativas de assassínio. Choca, com o seu modo de vida, a catolicamente hipócrita sociedade local (onde, afinal, a maior beata havia sido prostituta…).

Na véspera da eleição, o seu opositor, Coronel Ramiro, morre de doença súbita. Logo os Coronéis o visitam, com uma delegação, oferecendo-lhe o apoio, que ele aceita. Dos mesmos que, horas antes, conspiravam para o assassinar…

No dia da vitória em eleição (digamos assim, por falta de comparência do adversário), lá estava, á boca das urnas, um bando de Coronéis e jagunços, “conferindo” de cada eleitor iria votar em Mundinho. E ele pactuou.

Eleito, no seu discurso de tomada de posse, Mundinho elogia o papel do seu antecessor Coronel Ramiro (o tal que ele combatia e que o tentou matar e o impedia de namorar a neta, internando-a num Convento), como determinante no desenvolvimento de Ilhéus, mas, prometendo mais“abertura” e desenvolvimento. E, depois, passeia-se nas ruas, com os símbolos do Poder dos Coronéis (a bengala, o charuto), com os Coronéis ao seu lado.

Lembrei-me de António José Seguro. Se calhar, ainda este ano, ganhará eleições por “morte política” de Passos Coelho. Ou seja, por “falta de comparência” do adversário. Sobretudo por isso.

Ao “namorar”, numa recente entrevista, o PSD “verdadeiramente Social Democrata”, como possível aliado de diálogo, contra o PSD “Liberal”, seleciona os “Coronéis” com quem quer estar acompanhado.

Por tudo isto, a alternativa política tem de ser liderada pelo PS (claro…), mas aliado á Esquerda parlamentar e á esquerda “das ruas”, e não ao “Coronéis” arrependidos…